
Conteúdos desse artigo:
1. Qual o tipo mais comum de diabetes e porque ele acontece?
2. Como saber se o diabetes é “diabetes tipo 1” ou “diabetes tipo 2”?
3. Como saber se alguém tem risco elevado de desenvolver o diabetes tipo 2?
4. Qual exame dever ser realizado para rastrear o diabetes?
5. A glicemia veio alta no exame de sangue. E agora?
O diabetes tipo 2, que é o mais comum, pode e deve ser diagnosticado muito anos antes do aparecimento de sintomas. Os exames recomendados para rastreamento são a glicemia de jejum e/ou a hemoglobina glicada. Mas aqui vale um conselho de ouro: mesmo que você possa ir até um laboratório e solicitar a realização desses exames, procure um médico de confiança para fazer isso com você. Isso fará toda a diferença na programação das providências a serem tomadas ou mesmo para saber se há necessidade de repetição do exame e em quanto tempo.
Esse artigo vai tirar todas as suas dúvidas, de forma didática, através de preguntas e respostas , sobre tipos de diabetes e fatores de risco.
Qual o tipo mais comum de diabetes e porque ele acontece?
Para começo de conversa, o tipo mais comum, em torno de 90% dos casos, é o diabetes tipo 2. Nesses pacientes, o diabetes ocorre como consequência de um problema chamado resistência à insulina: o hormônio insulina é secretado pelo pâncreas de forma adequada, ou às vezes até em excesso, mas não consegue realizar de forma eficaz sua principal função, que é a de armazenar glicose dentro das células. Em algumas situações, além da resistência insulínica, pode haver também deficiência progressiva na produção desse hormônio.
Nos últimos anos, muitos estudos tem sido realizados para entender melhor as alterações no metabolismo da pessoa que desenvolve o diabetes tipo 2 e além da resistência insulínica, outros fatores, como hormônios intestinais, foram descobertos. Essas novas evidências científicas proporcionam desde a possibilidade de prevenção até a implementação de tratamentos medicamentosos mais personalizados e fisiológicos.
Já o diabetes tipo 1 acontece por destruição das células do pâncreas que produzem a insulina. A causa geralmente é autoimune e o início é agudo, com muitos sintomas, o que o difere claramente do diabetes tipo 2.
Outros tipos de diabetes são:
- o diabetes gestacional
- outros (menos comuns) mutações genéticas (raros) , doenças do pâncreas ou uso de medicamentos, como os glicocorticoides, a quetiapina, a risperidona, entre outros).
Como saber se o diabetes é “diabetes tipo 1” ou “diabetes tipo 2”?

Os médicos fazem essa diferenciação através do quadro clínico do paciente. Exames específicos para diferenciar os dois tipos são solicitados só em alguns casos.
A pessoa que tem diabetes tipo 1 sempre estará em tratamento com insulina, pois, como já vimos, o diabetes tipo 1 acontece por destruição das células que produzem esse hormônio. Pode acontecer em qualquer idade, mas é mais comum em crianças, adolescentes e adultos jovens. Esses pacientes precisam da insulina assim que a doença é diagnosticada. Em geral não se encontram várias pessoas na mesma família com diagnóstico de diabetes tipo 1, por isso costuma-se dizer que ele é esporádico.
Agora, se você tem diabetes há alguns anos, e sempre usou apenas medicamentos orais, provavelmente você tem o diabetes tipo 2. Nesses casos, nos primeiros anos da doença, o paciente não costuma ter sintomas. Por isso você já pode ter ouvido por aí coisas como “o diabetes é perigoso porque é silencioso”. Então, muita atenção: Não ter sintomas clássicos ,como beber muita água ou urinar muito, não significa que está tudo bem. O que acontece é que a glicemia já pode estar aumentada a ponto de causar prejuízo em outros órgãos ( como os olhos, os rins, coração e nervos) mas não tão alta a ponto de produzir sintomas.
Como saber se alguém tem risco elevado de desenvolver o diabetes tipo 2?

Como já vimos, não podemos esperar sintomas aparecerem para fazer o diagnóstico do diabetes tipo 2. Precisamos diagnosticar antes. Daí a importância de fazer rastreamento em pessoas que tem mais risco. Nesse caso, a clássica frase, “quem procura acha” deve ser encarada de forma positiva, já que a detecção precoce do diabetes tipo 2 pode reduzir o risco das complicações em outros órgãos. Além disso, o rastreamento identifica as pessoas com maior risco, oferecendo a elas a possibilidade de prevenção!
A sociedade brasileira de diabetes recomenda que todos os indivíduos com idade de 35 anos ou mais devem ser submetidos a um exame de sangue para rastrear se tem diabetes tipo 2 ou não.
Mas esse rastreamento deve ser feito antes, se a pessoa tiver sobrepeso ou obesidade e pelo menos mais um outro fator que, associado ao peso, aumente o risco de diabetes:
- histórico de parentes de primeiro grau que tenham diabetes tipo 2 ( como pai/mãe, irmãos/irmãs e filhos/filhas.
- já ter tido alguma doença cardiovascular
- hipertensão arterial
- HDL colesterol abaixo de 35 mg/dL
- triglicérides acima de 250 mg/dL
- mulheres com a síndrome dos ovários policísticos
- um achado de exame físico chamado de acantose nigricans
- SEDENTARISMO
Além desses, se você tem doença hepática esteatótica – a famosa “gordura no fígado” – também deve fazer o exame de sangue para rastrear diabetes. Ter “gordura no fígado” pode estar muito comum, mas não é normal. E as duas situações andam juntas com muita frequência. Se está usando medicamentos que podem aumentar a glicemia, como os corticoides, também deve fazer o exame.
Na prática, o diabetes tipo 2 é o mais comum. É mais frequente em pessoas que estão acima do peso e/ou que tenham casos de diabetes em vários parentes próximos. O envelhecimento também aumenta o risco.
Se você tem 35 anos ou mais, já deve fazer um exame de sangue de rastreamento. Se é mais jovem do que isso, mas está acima do peso e tem algum desses fatores acima ( por exemplo, tem sobrepeso e é sedentário) também. Coragem! Quanto antes feito o diagnóstico, melhor. Costumo dizer que, se for para ter medo de alguma coisa, que seja da doença não tratada e não do diagnóstico.
No site da Sociedade Brasileira de Diabetes você pode fazer um teste que mostra se você se beneficiará do rastreamento:
https://diabetes.org.br/calculadoras/findrisc
Ficou com dúvidas:
www.dranataliapecciendocrinojf.com.br
Qual exame dever ser realizado para rastrear o diabetes?
Aqui é muito importante uma primeira informação: os testes de glicemia capilar ( aqueles que são feitos com uma gotinha de sangue do dedo) não são testes aceitos para diagnóstico. Eles são muito importantes, mas em outra situação, que é acompanhar os pacientes que já estão em tratamento.
Os exames recomendados para rastreamento são a glicemia de jejum e/ou a hemoglobina glicada. Quem avisa amigo é: mesmo que você possa ir até um laboratório e solicitar a realização desses exames, procure um médico para solicitar e, depois, analisar o resultado com você. Isso fará toda a diferença na programação das providencias a serem tomadas ou mesmo para saber se há necessidade de repetição do exame e em quanto tempo.
A glicemia veio alta no exame de sangue: E agora?
Ao fazer exames para rastreamento do diabetes, temos três opções de resultado: perfil glicêmico normal , pré diabetes ( leia mais no artigo: pré diabetes existe sim!) ou diabetes.
Por isso é fundamental que você tenha uma médica ou médico de confiança (http://www.dranataliapecciendocrinojf.com.br )que poderá conduzi-lo com serenidade.
Nos próximos artigos vamos falar sobre tratamento do diabetes.